top of page

Como escolher sua primeira faca?

Atualizado: 23 de mai. de 2021

A primeira faca a gente nunca esquece... Mas como escolher a primeira?



Um dos maiores erros que clientes novatos cometem ao entrar no mundo da Cutelaria Custom é investir em lâminas de qualidade questionável, que não tendem a agregar valor à coleção nem garantir o retorno sobre o investimento. É claro que no começo é mais difícil avaliar boas compras e fazer escolhas mais assertivas, mas com algumas dicas, o Clube da Cutelaria vai te ajudar a avaliar e comprar facas de qualidade



1º Pense na funcionalidade e utilidade da Faca

Um erro comum é adquirir lâminas impressionantes pela beleza, mas que não terão utilidade nenhuma ou não terão um valor de negociação com o passar do tempo. Não adianta, por exemplo, você ser um fanático por espadas ou adagas, se elas ficarem guardadas no fundo de um armário ou de enfeite na parede. Por isso pense no seu dia a dia, que tipo de faca você poderia utilizar com frequência e que realmente valerá o investimento. Uma chef ou santoku para quem cozinha? Uma gaúcha para um churrasqueiro? Uma utilitária para um aventureiro? Uma tática para um militar? Uma Hunter para um pescador? Enfim para cada finalidade há vários modelos indicados, pense na utilização e escolha o modelo que realmente seja bem empregados na sua rotina. Porém se for o caso de colecionismo, pense na sua coleção com coerência lógica, analisando padrões de estilo, modelo e contexto histórico que você se interessa, não escolha peças aleatórias ou que não tenham a ver com suas preferências pessoais.


2º Preço / Valor

No começo é normal que você não faça aquisições tão expressivas em termos de custo, e nem indicamos que tenha uma atitude leviana comprando uma faca caríssima sem entender antes de tudo sobre: materiais, acabamentos, empunhadura, geometria de fio, tratamento térmico e estética de forma geral, é preciso tempo para que você crie um repertório e experiência para entender esses aspectos e poder avaliar o que realmente é uma boa compra, mas isso também não quer dizer que você deve entrar em um leilão aleatório e comprar a peça mais barata imaginando que está realmente fazendo um bom negócio. Observar o portfólio do cuteleiro que você pensa em adquirir uma faca é uma forma interessante de verificar a consistência das peças, o volume, os depoimentos de outros clientes e principalmente a evolução do profissional nos últimos meses/anos, e isso nos leva a terceira dica:


3º Procedência / Garantia

Ao comprar uma faca, você também compra o nome do cuteleiro que está gravado nela, por isso é fundamental como com qualquer outro produto que você compare não apenas preço, mas também o estilo, a técnica e os conceitos de criação de cada cuteleiro. Alguns, já possuem uma linha de produção bem definida, alguns iniciantes já possuem uma consistência de trabalho, mas leve em consideração também o nível de comprometimento do profissional, prazos, formas de pagamento e a qualidade de execução dos seus últimos trabalhos, afinal esses aspectos podem ser determinantes para uma negociação saudável. Cuteleiros que não cumprem prazos ou não entregam as encomendas como combinado, tendem a sair do mercado com a mesma rapidez que entram, mas é preciso estar atento e dentro da comunidade para conhecer e reconhecer esse tipo de profissional que desvaloriza a cutelaria custom. Por isso, se tiver dúvida em relação a algum profissional, converse com ele por um tempo, conheça sobre sua carreira e trabalho, se ainda não se sentir confortável ou seguro, faça uma pesquisa de mercado, pergunte a outros clientes, peça referências a outros fornecedores ou cuteleiros. Com certeza você chegará a uma compra mais satisfatória independente se o cuteleiro é veterano ou amador.


4º Industrial ou Custom?

Normalmente as facas industriais possuem uma manutenção facilitada, pois os materiais empregados na confecção das mesmas demandam menos cuidados, se você é uma pessoa que não tem muito apego à suas facas, talvez a versão industrial seja mais adequada para seu uso diário, mas se você gosta de performance, estética e a exclusividade de artigos singulares: as facas custom são a escolha perfeita, você poderá ter uma faca feita na medida ideal para sua utilização, com materiais e acabamentos da sua escolha e literalmente feitas à mão com a técnica da cutelaria arcaica, nostálgica de certa forma medieval. Você terá que guardá-la com carinho, secá-la, lubrificá-la sempre, mas com certeza a durabilidade e a experiência de utilização de uma faca artesanal é infinitamente mais marcante do que uma simples faca de “mercado”.


5º Olho clínico

Verificar as nuances e imperfeições da peça fazem parte da essência da avaliação no momento da compra. Alguns detalhes são praticamente imperceptíveis e não afetam a consistência geral da faca, mas outros erros são mais relevantes e farão diferença no desempenho total da lâmina, por isso listamos algumas variáveis a serem observadas no momento de adquirir uma faca custom:


  • Retidão do perfil

  • Definição da linha de desbaste

  • Geometria do fio

  • Ajuste entre lâmina, guarda e cabo

  • Anatomia da empunhadura

  • Existência de rebarbas ou excesso de cola

  • Acabamento de pinos e pomos

  • Execução do ricasso, botão, mosqueado e falso fio

  • Qualidade do acetinado, damasco ou san mai

  • Eficiência da fosforização quando for utilizada para escurecimento da lâmina

  • Peso e equilíbrio e claro ...

  • Retenção do fio.

Embora o tratamento térmico seja o processo mais importante na fabricação de uma faca, essa variável não é visível como os demais acima mencionados.




Minha primeira custom

(EDC SAE 5160,

fosfatizada, cabo de jacarandá, bainha de couro bovino )

feita pelo Cuteleiro Giorgio Cabral







5º Estética

A partir do momento que você conhece todos os aspectos básicos de qualidade e técnica, partimos para o lado artístico da peça:


  • Formato (tipo de faca)

  • Detalhes de design (pinos, pomos, guarda, clip, aplicação de ouro/prata)

  • Formato da lâmina (integral ou espiga oculta)

  • Aspectos históricos ou referências do modelo (japonês, medieval, gaúcho)

  • Empunhadura (característica de modelo/ técnica, exemplo: museum finish, keyhole, cabo caixão | característica de materiais, exemplo: exóticos, tracionais - naturais ou não )

  • Aços e técnicas de forjamento ( brutforge, carbono, damasco, san mai, gomai,)


Concluímos, portanto essa jornada de dicas que na verdade é apenas um aperitivo para você que está descobrindo agora o Universo da Cutelaria, tenha consciência de que esse é apenas o começo, o aprofundamento em relação a todas essas variáveis lhe trarão o conhecimento necessário para adquirir as melhores peças do mercado e alcançar uma experiência superior como cliente e colecionador.


Esperamos que sua curiosidade não fique por aqui, afinal quem começa a amar essa arte milenar, vai além!


 

Janaia Fabri


Publicitária formada em Publicidade e Propaganda

Pós Graduada em Educação Ambiental

MBA em Marketing e Comunicação

Idealizadora do Clube da Cutelaria

Responsável pelo Depto. de Marketing FabriCases

160 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo

1 Comment


J. Almeida
J. Almeida
Apr 02, 2021

Top de mais esse conteúdo!

Like
bottom of page